Mielocultura e mielograma na Febre tifóide

  • Augusto E. Taunay Instituto Adolfo Lutz, São Paulo, SP
  • Luiz Ayres Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, São Paulo, SP
  • Dario Pedroso Sanatório Esperança, São Paulo, SP

Resumen

A mielocultura é de valor inestimável no diagnóstico da febre tifoide. Durante o período febril a sua sensibilidade mostrou-se absoluta. Nas primeiras semanas de moléstia a sua positividade foi sempre superior a 80%. Obtivemos mieloculturas positivas desde o 8.° até o  48.° dia de moléstia. A mielocultura mostrou ser um processo diagnóstico bastante mais sensível que a simples hemocultura. A reação de Widal deve ser praticada sempre com os antígenos "O'' e "H". Os autores apresentam dois casos em que o diagnóstico de febre tifoide não pode ser confirmado, embora apresentassem um teor em aglutininas "H" elevado. A febre tifoide produz ligeira leucopenia, considerando-se 7.077 leucócitos por mmc. como taxa média durante os vários períodos da moléstia. À medida que a moléstia progride sem complicações, nota-se diminuição quantitativa leucocitária, ascendendo nas últimas semanas às taxas normais e mesmo ultrapassando-as; nos casos acompanhados de complicações, as taxas globais são leucopênicas. Os bacilos tíficos acarretam inibição da maturação mieloide: quando a medula óssea é isenta de bacilos há contagens globais altas.Em geral há neutrofilia relativa, ocorrendo no sangue periférico a presença de elementos imaturos, como mielócitos e metamielócitos, bastonetose acentuada e diminuição dos segmentados. Registra-se a presença de granulações tóxicas, microvacuoliação citoplasmática e nuclear, basofilia protoplasmática, picnose nuclear, anomalia nuclear de Pelger-huet, aniso e poiquilocitose dos granulócitos. O índice degenerativo diminui à medida que a cura clínica se processa. Paralelamente à neutrofilia relativa, há hiperplasia dos mesmos na medula óssea, predominando os elementos mais imaturos (promielócitos), com quadro ligeiramente anaplástico. Observa-se eosinopenia absoluta periférica nos primeiros períodos da moléstia, reaparecendo os eosinófilos nas últimas semanas; na medula óssea os eosinófilos foram presentes em taxas normais ou ligeiramente aumentados em todo o decurso da moléstia. No inicio da infecção tífica há linfopenia, começando a se registrar, na 4.a semana, linfocitose, com ligeira predominância, que persiste na convalescença. Nos casos com complicações a linfopenia perdura até os últimos períodos da moléstia. Há a ocorrência de prolinfócitos, alterações citoplasmáticas e nucleares dos linfócitos; na medula óssea há hiperplasia da série linfocítica. Nota-se monocitose relativa, com acentuada micro vacuolização citoplasmática. Os plasmoblastos e plasmócitos circulantes existem nos vários períodos da moléstia. É registrada a presença de histiócitos nos sangue periférico, tradução da histiocitose mieloide.
Publicado
1941-01-16
Cómo citar
Taunay, A. E., Ayres, L., & Pedroso, D. (1941). Mielocultura e mielograma na Febre tifóide. Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 1(1), 118-141. https://doi.org/10.18241/rial.v1i1.33060
Sección
ARTIGO ORIGINAL