Água de diálise: ocorrência de leveduras, Pseudomonas aeruginosa e bactérias heterotróficas

  • Marise SIMÕES Laboratório I de Campinas, Instituto Adolfo Lutz
  • Maria de Fátima C. PIRES Laboratório Central - São Paulo, Instituto Adolfo Lutz
Palavras-chave: água, água, hemodiálise, Pseudomonas aeruginosa, leveduras, bactérias heterotróficas, desinfecção

Resumo

A hemodiálise é uma modalidade terapêutica para pacientes com insuficiência renal. Durante o verão einverno de 2003 foram analisadas 200 amostras de água de diálise provenientes de 2 unidades hospitalaresdenominadas A e B. Os pontos analisados foram: 18 do cavalete de entrada (P1), 18 do pré-tratamento (P2),18 da osmose reversa (OR)(P3), 28 da entrada da máquina (P4), 30 da solução de diálise (P5), 17 das linhase dialisador (P6), 9 do “loop” (P7), 11 do filtro de carvão (P8), 18 do reuso C (P9), 18 do reuso B (P10), 15 doreservatório da OR (P11). A metodologia utilizada foi a recomendada pelo “Standard Methods for Examinationof Water and Wastewater”, 1995 utilizando as técnicas: “Pour Plate” para contagem de bactériasheterotróficas (BH) em R2A; membrana filtrante para Pseudomonas aeruginosa em Ágar Cetrimide eleveduras em Agar Sabouraud – dextrose com 200 mg/mL de cloranfenicol e determinações de fluoreto econdutividade; nitrato e sulfato pela metodologia das Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz,1985.Não houve diferença significativa entre verão e inverno. A unidade A apresentou leveduras em 5 amostras,P.aeruginosa em 14 e BH acima de 200UFC/mL em 52; enquanto a unidade B apresentou leveduras em 20amostras, P.aeruginosa em 5, e BH acima de 200UFC/mL em 36. Após a OR foi realizada a pesquisa deendotoxinas bacterianas, sendo detectada em duas amostras na unidade A. Os parâmetros químicosrevelaram a eficácia das membranas da OR na filtração dos íons fluoreto, nitrato, sulfato, condutividadenas duas unidades durante inverno e verão, (p<0,001). A RDC 154/2004 não faz referências à pesquisa deP.aeruginosa e leveduras. Este estudo mostrou que estes microrganismos podem estar presentes e nãoserem sensíveis a desinfecção como aconteceu com as BH. Manter a qualidade da água de diálise é umamaneira de prevenir riscos aos pacientes.

Referências

1. Amato, R.L. Water Treatment for Hemodialysis, Including the Latest
AMMI Standards. J Neprol Nurs, 28:612-9,2001.
2. Arvanitidou, M. et al. High level of recovery of fungi from water and
dialysate in haemodialysis units. J. Hospital Infection, 45: 225-30, 2000
3. Arvanitidou, M et al. Occurrence and antimicrobial resistance of Gramnegative
bacteria isolated in haemodialysis water and dialysate of
renal units: results of a Greek multicentre study. J. Applied
Microbiology, 95:180-5, 2003.
4. Azevedo, S.M et al. Human intoxication by microcystins during renal
dialysis treatment in Caruaru-Brazil. Toxicology, 182: 441-446,2002.
5. Bambauer, R. et al. Contamination of dialysis water and dialysate. A
survey of 30 centers. ASAIO J., 40: 1012-6,1994.
6. Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução Diretoria
Colegiada Nº154, - Diário Oficial da União, de 17 de junho de
2004, Brasília; Seção 1, p.65-9.
7. Brasil, Portaria N° 518, de março de 2004, Gabinete do Ministro –
Ministério Da Saúde, Diário Oficial da União, Brasília n° 59 de 26/
03/2004, Seção 1, pág. 266 –70
8. Brem, A. Fungal peritonitis in patient on continuous ambulatory
peritonial dialysis. Europ. J.Clin.Microbio.Infect.Disease, 17: 839-
43, 1998
9. Cappelli, G. et al. Biofilms invade nephrology: effects in
hemodiálisis. J. Blood Purif, 18(3):224-30, 2000.
10. Capelli, G. et al. C. Effects of biofilm formation on haemodialysis
monitor disinfection. J. Nephrol Dial Transplant, 18(10): 2105-
11, 2003.
11. Center For disease Control & Prevention, USA e World Health
Organization, Geneva, Switzerland. Epi Info 6, 1994; version 6.02.
12. Eaton, A.D. et al. Standard Methods for Examination of Water and
Wastewater, Washington, DC. (APHA). 19th ed., 1995.
13. Favero, M.S. et al.. Dialysis-associated infections and their control.
J. Hospital Infection, 24: 357-78,1998.
14. Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do Instituto Adolfo
Lutz. Métodos Químicos e Físico para Análise de Alimentos. São
Paulo. 3a.ed., Sulfato e Nitrato, 1985; V.1, p.302-30.
15. Kurtzman, C.P. e Fell, J.W.. The yeasts: a taxonomic study,
New York, 1998.
16. Linde, K. et al. Improved bacteriological surveillance of
haemodialysis fluids: a comparison between Tryptic soy agar and
Reasoner’s 2A media. Nephrol Dial Transplant, 14: 2433-7, 1999.
17. Oie, S. et al. Microbial contamination of dialysate and its prevention
in haemodialysis units. J. Hospital Infection, 54:115-9, 2003.
18. Palleroni, N.J. Genus I – Pseudomonas. Bergey’s Manual of
systematic bacteriology. Baltimore: William & Wilkins, 1986,
p.141-99.
19. Pisan, B. et al. Surto de bacteriemia por Pseudomonas aeruginosa
na Unidade de Hemodiálise de um hospital de Campinas, São Paulo,
Brasil. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 59(1/2): 51-6, 2000.
20. São Paulo, Secretaria de Estado da Saúde, Centro de Vigilância.
Roteiro de Inspeção da Vigilância Sanitária de Serviços de
Terapia renal Substitutiva, 1997.
21. Silva, A.M.M. et al. Revisão/Atualização em Diálise: Água para
hemodiálise. J. Bras. Nefrol. 18 (2):180-8,1996.
22. Teixeira, P et al.. Evaluation Of Survival Patterns And Cellular
Injury Of Pseudomonas aeruginosa In Different Bottled Waters
Stored Under Various Conditions. J. Food Safety. 21: 167-80,
2001.
23. USA, Pharmacopeia, USP XXIV, Rockville, Twinbrook Parkway,
Bacterial Endotoxins Test, 1995; 24:1829-30.
Publicado
2004-12-30
Como Citar
SIMÕES, M., & PIRES, M. de F. C. (2004). Água de diálise: ocorrência de leveduras, Pseudomonas aeruginosa e bactérias heterotróficas. Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 63(2), 224-31. https://doi.org/10.18241/rial.v63i2.34862
Seção
ARTIGO ORIGINAL