Nitritos e nitratos em hortícolas produzidas pelos sistemas de cultivo convencional, orgânico e hidropônico na Região Metropolitana de Curitiba**

  • Sônia C. STERTZ STERTZ Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos - Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná
  • Patricia T. P. S. PENTEADO2 Universidade Federal do Paraná
  • Renato João S. de FREITAS Universidade Federal do Paraná
Palavras-chave: nitritos, nitratos, nitrosaminas, alimentos orgânicos, alimentos hidropônicos, HPIC

Resumo

Os nitritos e nitratos acumulam-se naturalmente nos vegetais pelo efeito de diversos fatores, comotemperatura, pluviometria, irrigação, regime de fertilização nitrogenada e insolação, podendo ocasionarriscos à saúde humana, relacionados à possibilidade de ocorrência da metahemoglobinemia e da formaçãode N-nitrosaminas com efeitos carcinogênicos, teratogênicos e mutagênicos. O objetivo deste trabalho foiavaliar o teor de nitritos e nitratos presentes em hortícolas convencionais (C), orgânicas (O) e hidropônicas(H), produzidas e/ou comercializadas na Região Metropolitana de Curitiba. Foram coletadas 141 amostrasde hortícolas incluindo C, O e H e determinados os teores de nitritos e nitratos por cromatografia iônica dealta eficiência . As culturas que apresentaram as maiores concentrações (em mg/kg) de nitritos e nitratosforam: agrião C, O e H (498,37; 3259,59 e 2623,6); alface C, O e H (798,86; 459,98 e 1778,64); e espinafre C eO (1376,53 e 877,73). Consequentemente, foram as que apresentaram as maiores restrições ao consumo,variando de cerca de 81 e 100 g para o agrião orgânico e hidropônico, 330 e 148 g para a alface convencionale hidropônica e 192 a 301 g para o espinafre convencional e hidropônico, considerando a IDA para nitritose nitratos fixada pela Comunidade Européia e FAO/WHO, para uma pessoa com 70 kg. Os menores valoresforam obtidos nas culturas de batata C e O (75,83 e 15,52). O estudo indicou grande variação entre asculturas, o que sugere a necessidade de monitoramento e técnicas de manejo mais apropriadas para cadatipo de hortícola.

Referências

1. AFSSA. Agence Française de Securite Sanitaire des Aliments.
Evaluation nutritionnelle et sanitaire dês aliments issus de
lágriculture biologique. [http://www.afssa.fr/dossiers/
index.asp?id_dossier=4267.htm]. 30 out 2003.
2. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde.
Procedimentos de Retirada de Amostras, Anexo V da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. [http://www.anvisa.gov.br/alimentos/
tox/manual/anexo_05.htm]. 16 dez 2001.
3. AOAC. Association of Official Analytical Chemists. Official Methods
of Analysis of AOAC International. 17TH. ed., Volume I e II,
Gaithersburg, 2000.
4. Bourn, D.; Prescott, J. A Comparison of the Nutritional Value, Sensory
Qualities, and Food Safety of Organically anda Conventionally
Produced Foods. Crit Rev Food Sci, 42: 1-34, 2002.
5. Brasil. Normas disciplinadoras para a produção, tipificação,
processamento, envase, distribuição, identificação e
certificação da qualidade de produtos orgânicos, sejam de
origem animal ou vegetal. IN nº 007 de 17 de maio de 1999, DOU
de 19 de maio de 1999a.
6. _____. Atribuição de Aditivos, Categoria 8 – Carnes e Produtos
Cárneos. Portaria nº 1004 de 11.12.1998 da SVS/MS. Diário Oficial
, 54- E, 22 de março de 1999b.
7. _____. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde.
Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos
– Relatório Anual 2001-2002. [www.anvisa.gov.br/alimentos.htm].
10 dez. 2003a. 18 p.
8. _____. Presidência da República. Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de
2003. Dispõe sobre termos credenciamento, inspeção e
certificação de Produção Orgânica. Diário Oficial da União da
República Federativa do Brasil, 24 de dezembro de 2003, seção 1,
página 8. 2003b.
9. _____. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa nº 6,
de 10 de Janeiro de 2002. Dispõe sobre termos credenciamento,
inspeção e certificação de Produção Orgânica. Diário Oficial da
União da República Federativa do Brasil, 16 de janeiro de 2002. [http:/
/acd.ufrj.br/consumo/legislacao/n_ma_in06_02.htm]. 2 fev. 2004.
10. _____. Ministério da Saúde. Procedimentos e responsabilidades
relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para
consumo humano e seu padrão de potabilidade. Portaria nº 518/
GM em 25 de março de 2004.
11. Bosch, N.B.; Mata, M.G.; Peñuela, M.J.; Galán, T.R.; Ruiz, B.L.
Determination of nitrite levels in refrigerated and frozen spinach by
ion chromatography, J. Chromatogr, A 706: 221-8, 1995.
12. Carmo Jr., R. R. O que é a hidroponia?, [http://
www.hidroponica.cjb.net]. 1 nov 2003.
13. CCE. Regulamento (CEE) nº 2092/91, de 24 de junho de 1991.
Modo de produção biológico de produtos agrícolas e à sua indicação
nos produtos agrícolas e nos gêneros alimentícios. Jornal oficial no. L
198 de 22/07/1991 p. 0001 – 0015. Última alteração: 300R0331 (JO
L 048 19.02.00 p.1). [http://www.ibd.com.br/legislacao/CE2092.htm].
20 mar 2004.
14. CCE. Comissão das Comunidades Européias. Recomendação da
Comissão, de 3 de Março de 1999. Jornal Oficial nº L 128 de 21/05/
1999 p. 0025 – 0055, [http://europa.eu.int/eur-lex/pt/lif/dat/1999/
pt_399HO333.html]. 10 fev 2003.
15. Cheng, C.F.; Tsang, C.W. Simultaneus determination of nitrite, nitrate
and ascorbic acid in canned vegetable juices by reverse-phase ioninteraction
HPLC. Food Addit. Contam. 15: 753-8, 1998.
16. Clark, M.S. et al. Nitrogen, weeds and water as yield-limiting factors
in conventional, lowinput, and organic tomato systems. Agric.
Ecosyst. Environ. 73: 257-70, 1999.
17. Darolt, M. R. As Dimensões da Sustentabilidade: Um Estudo da
Agricultura Orgânica na Região Metropolitana de Curitiba.
Curitiba, 2000. [Tese Doutorado – Programa de Pós-Graduação em
Meio Ambiente e Desenvolvimento – Universidade Federal do Paraná].
18. Dionex, Technical Note 112: Determination of Nitrate and Nitrite
in Meat Using High-Performance Anion-Exchange
Chromatography, Sunnyvale, CA. p. 1-4, 1998. (Disponível na
biblioteca da ACATEC).
19. Dionex Corporation. AS14A Manual. Doc. No. 031678-01, 34 p.
Sunnyvale, CA, 1999.
20. EMATER. Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão
Rural. Relatório Técnico: Processo de Agricultura Orgânica,
Curitiba, 26p. 2003.
21. EUA. Política Norteamericana em Orgânicos. Proposta de
normatização para rotulagem, produção e comercialização de
produtos ditos orgânicos [http://acd.ufrj.br/consumo/legislacao/
leituras/lo_politica_eeuu.htm]. 2 fev. 2004.
22. EC. European Commission, Scientific Committee for Food, Report
of the Scientific Committee for Food on Nitrate and Nitrite (26th
series). [Opinion expressed on 19 October 1990], 1992.
23. EC. European Commission, Reports of the Scientific Committee for
Food (38th series). Opinion on Nitrates and Nitrites, Luxembourg: Office
for Official Publications of the European Communities), p.1-33 , 1998.
24. FAO/WHO. Norma CODEX de Rotulagem de produtos
organicamente cultivados Draft Guidelines for the Production,
Processing, Labelling and Marketing of Organically Produced Foods
(Agenda Item 4). [http://acd.ufrj.br/consumo/legislacao/
n_cx_al99_22a.htm]. 2 fev. 2004.
25. JECFA FAO/WHO. Joint Expert Committee on Food Additives FAO/
WHO. Toxicological evaluation of certain food additives and
contaminants in food. WHO Food Additives Series 35, Geneva,
WHO, 1996.
26. Gangolli, S.D. et al. Assesmente: nitrate, nitrite and Nnitrosocompounds.
European Journal of Pharmacology,
Environmental Toxicology and Pharmacology, 292: 1-38, 1994.
27. Hamerschimidt, I. Hidroponia ao Alcance de Todos. EMATERPR.
Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (apostila
p/curso técnico). 27 p., 1997.
28. Hornick, S.B. Factors affecting the nutritional quality of crops. Am.
J. Altern. Agric. 7: 63-8, 1992.
29. Huarte-Mendicoa, J.C.; Stiasarán, I.; Bello, J. Nitrate and Nitrite levels
in fresh and frozen broccoli. Effect of freezing and cooking. Food
Chem, 58: 39-42, 1997.
30. Khatounian, C.A. A reconstrução ecológica da agricultura.
Botucatu: Agroecológica; 2001. 348 p.
31. Lara, W.H.; Takahashi, M.Y.; Yabiku, H.Y. Níveis de nitrato em
alimentos infantis. Rev Inst Adolfo Lutz, 40(2):147-52, 1980.
32. Leclerc, J. et al. Vitamin and mineral contents of carrot and celeriac under
mineral or organic fertilization. Biol. Agric. Hortic. 7: 349-61, 1991.
33. Lieblein, G. Quality and yield of carrots: effects of composted
manure and mineral fertilizer. Norway, 1993. [PhD Thesis -
Department of Horticulture, Agricultural University of Norway].
34. Microsoft Corporation. MSoffice Microsoft Excel 97. Redmond,
WA, c 1995-1997. CDROM 6 MB.
35. Mirvish, S.S. Role of N-nitroso compounds (NOC) and N-nitrosation
in etiology of gastric, esophageal, nasopharyngeal and bladder cancer
and contribuition to cancer of known exposures to NOC. Cancer
Letters, 93: 17-48, 1995.
36. Miyazawa, M.; Khatounian, C.A.; Odenath-Penha, L.A. Teor de
nitrato nas folhas de alface produzida em cultivo convencional,
orgânico e hidropônico. Agroecologia Hoje. 9: 23, 2001.
37. Minitab. Reference Manual Release 7. Minitab Inc, 3081,
Enterprise Drive, State Collegey PA, 16801 US, Elinor Cruze and Jim
Weldon. 6-10, 6-11, 1989.
38. OHSE, S. Qualidade nutricional e acúmulo de nitrato em alface
hidropônica. In: Hidroponia da alface. SANTOS, O. (editor) Impr.
Univ. UFSM: Santa Maria, RS. p. 10-24. 2000.
39. Olmedo, R. G.; Bosch, N. B. Ingestion de nitratos procedentes de
productos hortaliças, y su incidência toxicológica. Alimentaria, 25:
76-8, 1998.
40. Paraná a. Hortaliças Paraná – Evolução da Área Colhida e da
Produção Obtida – 93/94 – 00/01. Estima. 08/2002. [http//
www.pr.gov.br/seab/deral/ehpr.xls]. 10 out 2003.
41. Paraná b. Frutas Paraná – Evolução da Área Colhida e da Produção
Obtida – 1992 a 2001. [http//www.pr.gov.br/seab/deral/ehpr.xls]. 10
out 2003.
42. Paraná c. Secretaria de Estado da Saúde. Relatório do Programa de
Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos no Estado do
Paraná, junho de 2001 a junho de 2002/ Secretaria de Estado da
Saúde, Curitiba: SESA, 2003. 55 p.
43. Petersen, A.; Soltze, S. Nitrate and nitrite in vegetables on the Danish
market: content and intake. Food Addit. Contam. UK, 16:(7) 291-
9, 1999.
44. Raupp, J. Examination of some microbiological and biochemical
parameters and tests of product quality used in a long-term fertilization
trial. Am. J. Altern. Agric. 13: 138-44, 1998.
45. Roux, J.C.; Verméglio, A; Besnainou, B. Despoluição: os
microorganismos ganham terreno. França-Flash Meio Ambiente,
9: 6-7, 2000.
46. Scucato, E.S.; Yoshiyara, A.C.P.; Stertz, S.C. Resíduos de Agrotóxicos
em Hortifrutícolas. Anais do XII Encontro Nacional de Analistas
de Alimentos, p 255, Maceió, 2001.
47. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 20th
ed. American Public Health Association, Washington, 1998.
48. Starling, W.; Richard, M.C. Quality organically grown wheat and barley,
Asp Appl Biol, 25: 193-8, 1990.
49. Stertz, S.C.; Scucato, E.S.; Belger, M. Análise de Resíduos de Agrotóxicos
em Alimentos Comercializados no Estado do Paraná de 1993 a 1999.
Anais do XVII Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia
de Alimentos, Fortaleza, 2000.
50. Stertz, S.C.; Train, J.M.; Freitas, R.J.S. Resíduos de Agrotóxicos em
Hortícolas Orgânicas, Convencionais e Hidropônicas Produzidas e/ou
Comercializadas na Região Metropolitana de Curitiba - RMC. Anais
do 13º Encontro Nacional de Analistas de Alimentos. “Novas
Tecnologias em Alimentos: impactos e riscos à saúde”, Rio de
Janeiro. 22 a 25 de junho de 2003.
51. Stopes, C. et al. The nitrate content of vegetable and salad crops
offered to the consumer as from “organic” or “conventional”
production systems. Biol. Agric. Hort. 5: 215-21, 1988.
52. Storey, T.; Hogan, R.; Humpheys, J. The growth, yield and quality of
winter wheath and winter oats grown under an organic conversion.
Asp. Appl. Biol., 36: 199-204, 1993.
53. Vogtmann, H. et al. Enhanced food quality: effects of composts on
the quality of plant foods. Comp. Sci. Utiliz. 1: 82-100, 1993.
54. Walker, R. Naturally Occuring Nitrate/Nitrite in Foods. J. Sci. Food.
Agric. 26: 1735-42, 1975.
55. Ysart, G.; Clifford, R.; Harrison, N. Monitoring for nitrate in UKgrown
lettuce and spinach, Food Addit. Contam., 16:(7) 301-6,
1999.
56. Zago, V.C.P. et al. Aplicação de esterco bovino e uréia na couve e seus
reflexos nos teores de nitrato e na qualidade. Hortic. Bras. 17:(3)
207-211, 1999.
57. Zandoná, M. S.; Zappia, V.R.S.. Resíduos de Agrotóxicos em alimentos:
resultado de cinco anos de monitoramento realizado pela Secretaria de
Saúde do Paraná, Pesticidas: R Téc Cient, Curitiba, 3:(3) 49-95, 1993.
58. Zhou, M.; Guo, D. Simultaneous determination of chloride, nitrate
and sulphate in vegetable samples by single-column íon
chromatography. Microchemical Journal, 65: 221-6, 2000.
Publicado
2004-12-30
Como Citar
STERTZ, S. C. S., PENTEADO2P. T. P. S., & FREITAS, R. J. S. de. (2004). Nitritos e nitratos em hortícolas produzidas pelos sistemas de cultivo convencional, orgânico e hidropônico na Região Metropolitana de Curitiba**. Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 63(2), 200-7. https://doi.org/10.18241/rial.v63i2.34851
Seção
ARTIGO ORIGINAL