Circulação e caracterização de Trypanosoma cruzi isolados de mamíferos silvestres capturados no Estado de São Paulo, Brasil

  • P. L. S. PINTO Tese de Doutorado - Faculdade de Saúde Pública da USP

Resumo

A circulação de Trypanosoma cruzi foi estudada em animais silvestres, capturados em duas regiões do Estado de São Paulo com características ecológicas e epidemiológicas distintas, tendo como parâmetros a transmissão humana, em áreas com ou sem domiciliação de triatomíneos. As áreas estudadas compreenderam a região do Planalto Ocidental Paulista, município de Araraquara, antiga área endêmica e regiões do Vale do Ribeira e Litoral Norte, municípios de Eldorado, Iguape e Ilha Bela, consideradas áreas indenes. Dos 198 animais capturados, foram isoladas 16 amostras de tripanossomos de 11 hospedeiros mamíferos, sendo 1 Didelphis albiventris, 5 D. marsupialis, 2 Proechimys iheringi e 3 Philander opossum. Das 16 amostras, 9 foram isoladas de xenocultura, 4 de hemocultura e 3 de cultura do aspirado de fígado e baço. Em um marsupial (D. marsupialis) foram isolados flagelados pelos três métodos, em outros marsupiais (1 D. albiventris e 2 P. opossum) os parasitas foram isolados por dois métodos e em sete animais (5 marsupiais e 2 roedores) por um único procedimento. Os critérios morfobiológicos permitiram classificar os 16 isolados como T. cruzi. Todas as amostras mostraram-se de baixa virulência para ratos e camundongos. Foi possível através dautilização dessas 3 técnicas, selecionar diferentes populações de T. cruzi de um mesmo hospedeiro. A amplificação do minicírculo de kDNA dos isolados, pela técnica de PCR, com os primers P35/36 confirmaram o diagnóstico de T. cruzi. A caracterização molecular dos isolados foi baseada na amplificação, pela técnica de PCR, de um segmento da região intergênica do gene de mini-exon, que define dois grupos genéticos maiores, T. cruzi I e T. cruzi II. Das 9 amostras isoladas de Didelphis, 7 foram classificadas como do tipo T. cruzi I e 2 como do tipo T. cruzi II. Estes achados confirmam a circulação preferencial da linhagem T. cruzi I em marsupiais do gênero Didelphis. Os isolados de Proechimys e Philanders, todos procedentes do município de Ilha Bela, não puderam ser definidos pelo marcador molecular do gene de mini-exon. A variabilidade dos isolados foi estudada pela técnica de RAPD. Os padrões dos isolados T. cruzi I foram distintos dos observados nos isolados T. cruzi II. Maiores similaridades foram observadas em isolados pertencentes à mesma espécie de animal reservatório e originário da mesma área geográfica. Estes dados sugerem uma maior homogeneidade das populações de T. cruzi circulando em uma mesma área geográfica.
Publicado
2001-06-29
Como Citar
PINTO, P. L. S. (2001). Circulação e caracterização de Trypanosoma cruzi isolados de mamíferos silvestres capturados no Estado de São Paulo, Brasil . Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 60(1), 93. Recuperado de https://periodicoshomolog.saude.sp.gov.br/index.php/RIAL/article/view/35341
Seção
RESUMOS DE TESES E DISSERTAÇÕES