Neurocisticercose: Aspectos clínicos, epidemiológicos e análise de 171 prontuários do Instituto de Infectologia Emílio Ribas de 1980 a 1990

  • Bedaque, E.A. Dissertação de Mestrado – Coordenação dos Institutos de Pesquisa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

Resumo

De 171 prontuários de casos de neurocisticercoseregistrados no Instituto de Infectologia Emílio Ribas no períodode 1980 a 1990, foram extraídos os dados possíveis de ordemclínica, epidemiológica e de exploração laboratorial.O A. procedeu ao estudo individual e conjuntural,estabelecendo tabelas com dados de naturalidade, procedência,idade, ocupação, hábitos, sintomatologia e evolução. Verificaque as informações dos prontuários são deficientes,contrastando com a importância, a freqüência e as repercussõesgraves da doença que, em geral, não é reconhecida de pronto.Mostra que é indispensável a complementação dodiagnóstico clínico-epidemiológico por exames subsidiários doLCR e de neuroimagem e que o seguimento é fundamental paraa detecção e tratamento precoces de complicações, tais como, ahidrocefalia, a doença racemosa e as infecções bacterianasconcomitantes.O LCR identificou a eosinofilorraquia em 63% dospacientes à admissão, as provas imunológicas foram positivasem 85% desses casos, a maioria com história clínica de cefaféiae irritação meníngea, sugestivos do processo meningíticoverificado, os exames de neuroimagem identificaram lesõescísticas e calcificadas como alteração predominante.O A. acentua que o diagnóstico de epilepsia tardia deveincluir a pesquisa da neurocisticercose e que a tríade meningitesrecorrentes, hipoglicorraquia e neurocisticercose pode indicar ahidrocefalia, a cisticercose racemosa, ou ambas. A febre foiindicativa de gravidade ao acompanhar estes processosinflamatórios recorrentes ou obstrutivos e que culminaram como óbito. Relata que a neurocisticercose, à admissão, mimetizameningites bacterianas, meningites virais, meningitesindeterminadas, afecções cerebrais neoplásicas, vasculares euma variedade de outras doenças.O complexo teníase/cisticercose esteve presente nas áreasrurais e, também, nas urbanas, de regiões consideradas indenescom casos autóctones provenientes dos Estados do Piauí,Rondônia, Goiás e Mato Grosso do Sul. A prevalência da teníaseem 3% dos pacientes indica perenidade do parasita heteroxêniono ecossistema brasileiro.Faz, também, recomendações para que se proceda a uminterrogatório meticuloso do paciente sobre a sintomatologia eos seus antecedentes epidemiológicos através da elaboraçãode interrogatório dirigido próprio, a fim de se obter a idéia para odiagnóstico precocemente. Finalmente descreve o cenáriopatocenótico do período e, questiona a colocação daneurocisticercose no rol das doenças de notificação compulsóriaem São Paulo.
Publicado
2003-12-30
Como Citar
E.A., B. (2003). Neurocisticercose: Aspectos clínicos, epidemiológicos e análise de 171 prontuários do Instituto de Infectologia Emílio Ribas de 1980 a 1990. Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 62(3), 251. https://doi.org/10.18241/rial.v62i3.34910
Seção
RESUMOS DE TESES E DISSERTAÇÕES