Estudo de anticorpos IgM para vigilância epidemiológica da esquistossomose mansoni em área de baixa endemicidade

  • Herminia Y. KANAMURA Instituto Adolfo Lutz - Secretria de Estado da Saúde - SP
  • Luiz C. S. DIAS Instituto Adolfo Lutz - Secretaria de Estado da Saúde - SP
  • Carmen M. GLASSER Instituto Adolfo Lutz - Secretaria de Estado da Saúde - SP
  • Rita M. SILVA Instituto Adolfo Lutz - Secretaria de Estado da Saúde - SP
  • Vera L. F. de CAMARGO-NEVES Instituto Adolfo Lutz - Secretaria de Estado da Saúde - SP
  • Sylvia A. G. VELLOSA Instituto Adolfo Lutz - Secretaria de Estado da Saúde - SP
  • Cybele GARGIONI Instituto Adolfo Lutz - Secretaria de Estado da Saúde = SP
  • Virgília L. C. LIMA Instituto Adolfo Lutz - Secretaria de Estado da Saúde - SP
  • Vânia M. F. GUERCIO Instituto Adolfo Lutz - Secretaria de Estado da Saúde - SP
  • Gisela R. A. M. MARQUES Instituto Adolfo Lutz - Secretaria de Estado da Saúde - SP
  • Maria Esther de CARVALHO Instituto Adolfo Lutz - Secretaria de Estado da Saúde - SP
Palavras-chave: Esquistossomose; anticorpos IgM; epidemiologia; controle; baixa endemicidade.

Resumo

O controle da esquistossomose no Estado de São Paulo iniciou-se ao final da década de 60, tendo como linhas mestras o uso de moluscidas e a de quimioterapia. Apesar da aparente redução nos níveis de infecção, o Sistema de Vigilância Epidemiológica do Estado tem registrado continuamente casos autóctones da doença, tendo-se observado ampliação das áreas de transmissão. Com o objetivo de buscar-se método diagnóstico mais sensível para fins epidemiológicos em áreas de baixa endemicidade, onde o exame de fezes se mostra pouco eficiente, uma técnica sorológica foi avaliada em quatro áreas consideradas endêmicas para Schistosoma mansoni (Sm) no Estado. Amostras de fezes e de sangue absorvido em papel-filtro foram coletadas de populações de quatro áreas de transmissão com diferentes perfis epidemiológicos, acompanhando-as, por um período de 2 anos, com cinco inquéritos, a intervalos semestrais. Dados de prevalência e incidência obtidos pela aplicação da reação de imunofluorescência para anticorpos IgM contra tubo digestivo de Sm (RIF-IgM) e do exame de fezes (Kato-Katz) foram analisados comparativamente nas quatro áreas estudadas. Foi possível diferenciar os níveis de endemicidade das áreas estudadas com maior sensibilidade que pelo método parasitológico e detectar sazonalidade em algumas das áreas, através da observação de taxas de soroconversão de RIF-IgM. Esta soroconversão, passando de negativo para positivo, indicando provável infecção recente, foi mais freqüente nos inquéritos realizados no 1º semestre do ano (pós-verão). A RIF-IgM demonstrou ser útil para estudos epidemiológicos da esquistossomose, podendo constituir método diagnóstico, tanto na fase aguda como crônica.  

Referências

1. CACESQ (Campanha de Combate à Esquistossomose) I Encontro Nacional sobre esquistossomose. São Paulo, Governo do Estado
de São Paulo, Secretaria de Estado da Saúde, 1973.

2. Camargo-Neves, V.L.F. et al. IgM antibodies to Schistosoma mansoni gut-associated antigens for the study of schistosomiasis transmission
in Ribeirão Pires, São Paulo. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 93 (suppl.1): 273-278, 1998.

3. Carvalho, M.E. et al. Evaluación serológica de la esquistosomosis mansónica en areas de baja transmisión del valle de Paraíba, Estado de
São Paulo, Brasil, 1997 nov 17-23; La Havana, Cuba. La Havana: Federación Latinoamericana de Parasitología; 1997. p.113-114.

4. Dean, A.G. et al. Epi Info, Version 6: a word processing, database, and statistics program for public health on IBM-compatible
microcomputers. Centers of Disease Control and Prevention, Atlanta, GA, U.S.A, 1995.

5. De Vlas, S.J.; Gryseels, B. Underestimation of Schistosoma mansoni prevalences. Parasitol. Today, 8: 274-277, 1992.

6. Dias, L. C. S. et al. Field trials for immunodiagnosis with reference to Schistosoma mansoni. In: Bergquist, N. R. Immunodiagnostic
approches in schistosomiasis. John Wiley & Sons, 1992. p. 39-47.

7. Dias, L.C.S. et al. Schistosomiasis mansoni in the municipality of Pedro de Toledo (São Paulo, Brasil) where the Biomphalaria
tenagophila is the snail host: I. Prevalence in human population. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 31: 110-118, 1989.

8. El-Morshedy, H. et al. Circulating anodic antigen for detection of Schistosoma mansoni infection in Egyptian patients. Amer. J. Trop.
Med. Hyg., 54: 149-153, 1996.

9. Eltiro, F.; Ye-Ebiyo, Y.; Taylor, M.G. Evaluation of an enzyme linked immunosorbent assay (ELISA) using Schistosoma mansoni soluble egg
antigen as a diagnostic tool for Schistosoma mansoni infection in Ethiopian schoolchildren. J. Trop. Med. Hyg., 95: 52-56, 1992.

10. Engels, D.; Sinzinkayo, E.; Gryseels, B. Day-to-day egg count fluctuation in Schistosoma mansoni and its operational implications. Amer. J. Trop. Med. Hyg., 54: 319-324, 1996.

11. Ferreira, C.S.; Carvalho, M. E. Padronização de uso de papel-filtro como suporte de material para reações sorológicas. Rev. Bras. Malariol., 34: 82-86, 1982.

12. Graeff-Teixeira, C. et al. Identification of a transmission focus of Schistosoma mansoni in the Southernmost Brazilian State, Rio Grande do Sul. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 94(1): 9-10,1999.

13. Hoshino-Shimizu, S. et al. Aspectos sorológicos e soroepidemiológico da esquistossomose mansônica. In: Reis, F.A.; Faria, I.; Katz, N.
Modernos Conhecimentos sobre Esquistossomose mansônica. Anais da Academia Mineira de Medicina, 14 (Suppl): 67-89, 1986.

14. Idris, M.A. et al. Schistosomiasis in the southern region of Oman: vector snail and serological identification of patients in several
locations. J. Trop. Med. Hyg., 97: 205-210, 1994.

15. Kanamura, H.Y. et al. A comparative epidemiologic study on specific antibodies (IgM and IgA) and parasitological findings in an endemic
area of low transmission of S. mansoni. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 40(2): 85-91,1998.

16. Kanamura, H.Y. et al. Detection of IgM antibodies to Schistosoma mansoni gut-associated antigens for the study of the dynamics of
schistosomiasis transmission in a low endemic area. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 40(4): 225-231, 1998.

17. Kanamura, H.Y. et al. Decay of antibody isotypes against early developmental stages of Schistosoma mansoni after treatment of
schistosomiasis patients. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 39(5): 137-140,1997.

18. Kanamura, H.Y.; Hoshino-Shimizu, S.; Silva, L. C. Schistosoma mansoni cercaria and schistosomulum antigens in serodiagnosis of
schistosomiasis. Bull. Pan Amer. Hlth Org., 26: 220-229, 1992.

19. Kanamura, H.Y. et al. Anticorpos séricos IgA no diagnóstico da fase aguda da esquistossomose mansoni humana. Rev. Inst. Adolfo Lutz, 51: 101-104, 1991.

20. Katz, N.; Chaves, A.; Pellegrino, J. A simple device for quantitative stool thick-smear technique in schistosomiasis mansoni. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 14:397-400, 1972.

21. Katz, N.; Peixoto, S.V. Análise crítica da estimativa do número de portadores de esquistossomose no Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. trop.
33(3): 303-308, 2000.

22. Lima, V.L.C. de Esquistossomosse no Município de Campinas. Campinas, 1993 (Tese de Doutorado – Faculdade de Ciências Medicas da UNICAMP).

23. Lima, V.L.C. et al. Immunofluorescent test on Schistosoma mansoni worm paraffin sections (IgM – IFT) for the study of schistosomiasis
transmission in Campinas, São Paulo, Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 93 (suppl.1):283-288,1998.

24. Marçal Jr., O. et al. Schistosomiasis mansoni in an area of low transmission. II. Risk factors for infection. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 35: 331-335, 1993.

25. Marçal Jr. O. et al. Schistosomiasis mansoni in an area of low transmission. I. Impact of control measures. Rev. Inst. Med. trop. São Paulo, 33: 83-90, 1991.

26. Nash, T.E. Antibody response to a polysaccharide antigen present in the schistosome gut. I. Sensitivity and specificity. Amer. J. Trop. Med. Hyg., 27: 938-943, 1978.

27. Noya, B.A. et al. The last fifteen years of schistosomiasis in Venezuela: Features and Evolution. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 94(2): 139-146, 1999.

28. Noya, O. et al. Effect of chemotherapy on immune response to egg antigens of Schistosoma mansoni in chronically infected children from
areas of low transmission. Paras. Immunol., 17: 111-117, 1995.

29. Silva, R.M. et al. A comparative study on IgG-ELISA, IgM-IFT and Kato-Katz methods for epidemiological purposes in a low endemic
area for schistosomiasis. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 93 (suppl.1): 279-282, 1998.

30. Silva, R.M. et al. Pesquisa de anticorpos IgM contra tubo digestivo do verme para o diagnóstico da esquistossomose mansônica. Rev. Bras.
Pat. Clin., 28: 39 - 42, 1992.

31. SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias). Situação da esquistossomose no Estado de São Paulo. II Encontro sobre
esquistossomose. São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 1982 [Relatório].

32.Valli, L.C.P. et al. Schistosomiasis mansoni: Immunoblot analysis to diagnose and differentiate recent and chronic infection. Amer. J. Trop. Med. Hyg., 61(2): 302-307, 1999.
Publicado
2001-06-29
Como Citar
Y. KANAMURA, H., C. S. DIAS, L., M. GLASSER, C., M. SILVA, R., L. F. de CAMARGO-NEVES, V., A. G. VELLOSA, S., GARGIONI, C., L. C. LIMA, V., M. F. GUERCIO, V., R. A. M. MARQUES, G., & de CARVALHO, M. E. (2001). Estudo de anticorpos IgM para vigilância epidemiológica da esquistossomose mansoni em área de baixa endemicidade. Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 60(1), 1 a 10. Recuperado de https://periodicoshomolog.saude.sp.gov.br/index.php/RIAL/article/view/34878
Seção
ARTIGO ORIGINAL