Leishmaniose visceral: cenários epidemiológicos e desafios

  • Mauro Celio de Almeida MARZOCHI Laboratório de Pesquisa Clínica e Vigilância em Leishmanioses – LaPClinVigiLeish, Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Palavras-chave: leishmaniose visceral, urbanização, vigilância, controle, busca ativa, infecção canina

Resumo

Um retrospecto histórico e epidemiológico da leishmaniose visceral (LV) no mundo e no Brasil e possíveis cenários dependentes de condicionantes ambientais, biológicos e sociais ressalta estratégias de vigilância e controle, enfatizando: associação de procedimentos com continuidade; conquistas e controvérsias em diagnóstico, tratamento, vacinação e uso de coleira com deltametrina, no cão; e ineficácia da terapêutica canina com as drogas disponíveis, mas boas perspectivas da vacina, na proteção individual, e da coleira impregnada, no controle coletivo. Considera a situação epidemiológica potencializada pela galopante urbanização da LV e sua dispersão geográfica, salientando desafios de controle por deslocamento do vetor e do cão infectado a novas áreas através do transporte rodoviário e ferroviário, e conflitos de rejeição à eutanásia canina. Alerta sobre a alta letalidade da LV humana em áreas de instalação recente e por associação crescente com HIV, impondo diagnóstico e tratamento precoces, para evitar agravamento clínico e óbitos, e adoção da busca ativa de casos humanos e caninos incorporada à rotina das visitações domiciliares periódicas da Estratégia Saúde da Família, para detecção de febre prolongada e outros sinais de LV e o encaminhamento a unidades de Saúde. Admite que a introdução do cão infectado em áreas indenes continuará um grande desafio.

Referências

1. World Health Organization - WHO. Leishmaniasis; 2018. [acesso 2018 Jun 27]. Disponível em: http://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/leishmaniasis
2. Kuhls K, Alam MZ, Cupolillo E, Ferreira GE, Mauricio IL, Oddone R et al. Comparative microsatellite typing of new world Leishmania infantum reveals low heterogeneity among populations and its recent old world origin. PLoS Negl Trop Dis. 2011;5(6):e1155. http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0001155
3. Ministério da Saúde (BR). Leishmaniose Visceral; 2018. [acesso 2018 Jun 27]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a- z/leishmaniose-visceral
4. Gualandi FC. Medicina tropical no Brasil: Evandro Chagas e os estudos sobre a Leishmaniose visceral americana na década de 1930 [dissertação de mestrado]. Rio de Janeiro (RJ): Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz; 2013. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/18984/2/172.pdf
5. Deane LM, Deane MP – Visceral leishmaniasis in Brazil: geographical distribuition and transmition. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 1962; 4:198-212.
6. Lyra MR, Pimentel MI, Madeira MF, Antonio LF, Lyra JP, Fagundes A et al. First report of cutaneous leishmaniasis caused by Leishmania (Leishmania)infantum chagasi in an urban area of Rio de Janeiro, Brazil. Rev Inst Med Trop Sao Paulo. 2015;57(5):451-4. http://dx.doi.org/10.1590/S0036-46652015000500016
7. Marzochi MCA, Fagundes A, Andrade MV, Souza MB, Madeira MF, Mouta-Confort E et al. Visceral leishmaniasis in Rio de Janeiro, Brazil: eco-epidemiological aspects and control. Rev Soc Bras Med Trop. 2009;42(5): 570-80. http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86822009000500017
8. Marzochi KBF, Marzochi MCA, Silva VL, Carvalho RW, Souza MB, Gomes MZG et al. Prospective evaluation of human visceral leishmaniasis after treatment in Rio de Janeiro, 1977-1993. In: Brandão-Filho S, editor. Research and control of human leishmaniasis in Brazil. Recife (PE): Fundação Oswaldo Cruz; 1993. p.275-83.
9. Marzochi, MCA. Visceral leishmaniasis in Southern Rio de Janeiro State and the risk of propagation to São Paulo State, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 2016;49(2):147-9. https://dx.doi.org/10.1590/0037-8682-0442-2015
10. Marzochi, MCA, Coutinho SG, Sabroza PC, Souza MA, Parigot de Sousa P, Toledo LM et al. Leishmaniose visceral canina no Rio de Janeiro - Brasil. Cad Saúde Pública. 1985;1(4):432-46. https://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X1985000400004
11. Marzochi MCA – Votuporanga e a leishmaniose visceral: a importância da busca ativa de casos suspeitos. A Cidade, pág.5, 7 fev. 2017.
12. Miró G , Oliva G, Cruz I, Cañavate C, Mortarino M, Vischer C et al. Multicentric, controlled clinical study to evaluate effectiveness and safety of miltefosine and allopurinol for canine leishmaniosis. Vet Dermatol. 2009;20(5-6):397-404. http://dx.doi.org/10.1111/j.1365-3164.2009.00824.x
13. Regina-Silva S, Feres AM, França-Silva JC, Dias ES, Michalsky ÉM, de Andrade HM et al. Field randomized trial to evaluate the efficacy of the Leish-Tec® vaccine against canine visceral leishmaniasis in an endemic area of Brazil. Vaccine. 2016;34(19):2233-9. http://dx.doi.org/10.1016/j.vaccine.2016.03.019
14. Shimozako HJ, Wu J, Massad E. .The preventive control of zoonotic visceral leishmaniasis: efficacy and economic evaluation. Comput Math Methods Med. 2017;2017:4797051. http://dx.doi.org/10.1155/2017/4797051
15. Marzochi MCA, Marzochi KBF, Fagundes A, Conceição-Silva F. A questão do controle das leishmanioses no Brasil. In: Conceição-Silva F, Alves CR, organizadores. Leishmanioses do continente americano. Rio de Janeiro (RJ): Editora Fiocruz; 2014. p.429-63.
Publicado
2018-03-29
Como Citar
MARZOCHI, M. C. de A. (2018). Leishmaniose visceral: cenários epidemiológicos e desafios. Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 77, 1-7. Recuperado de https://periodicoshomolog.saude.sp.gov.br/index.php/RIAL/article/view/34197
Seção
RESUMO EXPANDIDO DO SIMPÓSIO INTERNACIONAL - "LEISHAMANIOSE VISCERAL