Resíduos de fungicidas em vinhos de diferentes propriedades vitivinícolas do Rio Grande do Sul, Brasil, frente ao uso da tecnologia thermal pest control a campo

  • J. O. Mozzaquatro Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Ciências Rurais, Santa Maria, RS
Palavras-chave: thermal pest control, fungicidas, Rio Grande do Sul, vinhos

Resumo

O uso de compostos químicos em vitivinicultura é extremamente elevado. Neste sentido, torna-se oportuno analisar resíduos de pesticidas em vinhos, pois as uvas figuram a lista de maior número de aplicações de pesticidas na agricultura do país. Com intuito de reduzir o uso de pesticidas, alguns vitivinicultores utilizam a tecnologia Thermal Pest Control (TPC) no manejo de seus vinhedos, como forma alternativa no combate às pragas. Trata-se de uma tecnologia que gera e fornece elevadas temperaturas às videiras, conferindo uma maior resistência microbiana. O objetivo deste estudo foi analisar fungicidas em vinhos brancos e tintos, oriundos de propriedades vitivinícolas do Rio Grande do Sul, produzidos a partir de uvas com e sem o emprego da tecnologia TPC durante o seu cultivo. Foram utilizadas amostras das variedades Tannat, Chardonnay e Cabernet Sauvignon nas safras 2011/2012, 2012/2013 e 2013/2014. Realizaram-se vinificações em escala laboratorial e separadamente para aquelas uvas sem o emprego da tecnologia TPC (controle) daquelas que fizeram uso desta (com TPC). No preparo das amostras utilizou-se o método QuEChERS modificado. Após, as análises procederam-se em UHPLC-MS/MS para determinação dos fungicidas. Boscalida, procimidona, piraclostrobina, pirimetanil, tetraconazol e tiofanato-metílico foram detectados acima do LOQ em ambos os tratamentos. Nos tratamentos, controle e com TPC, o pirimetanil obteve maior frequência (85,71 %) e médias (26,33 e 30,16 μg L-1), respectivamente. Não houve diferença significativa para os dois tipos de vinhos (tintos e brancos). Nos vinhos da cv. Chardonnay, safra 2012/2013, o fungicida pirimetanil diferiu estatisticamente (p=0,021), com média de 64,67 μg L-1 (controle), e de 111,12 μg L-1 (com TPC). Já nos vinhos da cv. Chardonnay, safra 2013/2014, o procimidona apresentou média superior no controle (6,47 μg L-1), do que no tratamento com TPC (0,46 μg L-1). E nos vinhos da cv. Cabernet Sauvignon, safra 2013/2014 o composto procimidona obteve média superior para o tratamento com TPC (129,73 μg L-1), do que ao controle (3,69 μg L-1). Diante do exposto, a presença de resíduos de fungicidas foi confirmada neste estudo, porém nenhum dos compostos mostrou-se acima dos LMRs estabelecidos para as uvas, considerando suas correções de massa. Tais resultados demonstraram concentrações de resíduos superiores para aqueles vinhos produzidos a partir de uvas submetidas à tecnologia TPC. Não foram encontradas referências na literatura que abordem resíduos de fungicidas em vinhos, cujas uvas fossem submetidas a esta tecnologia, o que nos leva a deduzir que este seja o primeiro estudo realizado sobre o tema.
Publicado
2016-10-25
Como Citar
Mozzaquatro, J. O. (2016). Resíduos de fungicidas em vinhos de diferentes propriedades vitivinícolas do Rio Grande do Sul, Brasil, frente ao uso da tecnologia thermal pest control a campo. Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 75, 01. Recuperado de https://periodicoshomolog.saude.sp.gov.br/index.php/RIAL/article/view/33533
Seção
RESUMOS DE TESES E DISSERTAÇÕES