Secreção cutânea do caramujo gigante africano, Achatina fulica, como fonte de compostos anti-Leishmania

  • André Gustavo Tempone Instituto Adolfo Lutz, Divisão de Biologia Médica, São Paulo, SP
Palavras-chave: venenos, secreções, Leishmania, Achatina, drogas, L-aminoácido oxidase

Resumo

A Leishmaniose é uma doença parasitária grave que causa desde uma única ulceração cutânea até uma doença progressiva e fatal. O tratamento é baseado em agentes quimioterápicos tóxicos, sendo indicados como fármacos de primeira escolha os antimoniais pentavalentes. Os produtos naturais derivados da fauna brasileira, especialmente venenos e secreções cutâneas de anfíbios, são fontes ricas de novas moléculas químicas, as quais podem ser utilizadas como protótipos farmacêuticos no desenvolvimento de novos fármacos. No presente trabalho, é feita a descrição inédita sobre a efetiva atividade anti-Leishmania da secreção cutânea do caramujo gigante Africano, Achatina fulica, bem como a sua citotoxicidade em células de mamíferos e seu possível mecanismo de ação contra os promastigotas. A secreção bruta apresentou Concentração Efetiva 50% de 98,37 μg/mL contra promastigotas de L.(L.) chagasi. Por meio de ensaios enzimáticos, foi detectada a atividade L-aminoácido oxidase (L-AAO) na secreção bruta, e também foi demonstrado que o H2O2 gerado por esta enzima é um dos compostos responsáveis pelo efeito anti-Leishmania. O uso de catalase, para eliminar a ação do H2O2 nas culturas de Leishmania, causou a diminuição de 54% na morte dos parasitos. Apesar da ocorrência de citotoxicidade moderada da secreção bruta contra as células LLC-MK2 (CE50 de 83,25 μg/mL), estes são dados promissores que possibilitam isolamentos cromatográficos futuros de novos antiparasitários, os quais poderão servir como valiosas ferramentas no desenvolvimento de fármacos contra a Leishmaniose.
Publicado
2007-01-01
Como Citar
Tempone, A. G. (2007). Secreção cutânea do caramujo gigante africano, Achatina fulica, como fonte de compostos anti-Leishmania. Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 66(1), 73-77. Recuperado de https://periodicoshomolog.saude.sp.gov.br/index.php/RIAL/article/view/32853
Seção
ARTIGO ORIGINAL